A morte nem sempre é
uma partida. A morte nem sempre é algo que acontece inexplicavelmente. A morte
nem sempre um acontecimento repentino que nada podemos fazer. A morte é a
velhice das coisas. É isso. A morte acontece quando envelhecemos a cada dia.
A morte é a recusa. A morte é o medo. A morte é a cobardia. A morte é a
solidão. A morte é seguir o mesmo caminho todos os dias e ver o sol a nascer
todas as manhãs. A morte é o desespero que sentimos ao acordar a correr nas
veias porque tudo se tornou uma rotina. Isto é a morte. E a velhice.
Morremos cada vez que
envelhecemos. E envelhecemos quando todos os dias não dizemos uma palavra a
quem amamos, quando não quebramos as regras, quando não falamos com um
desconhecido ou quando não cumprimentamos os nossos inimigos. Envelhecemos quando
o medo apodera-se das nossas acções e não beijamos quem devíamos ou quando não dá-mos
mais do que podemos às pessoas que o pedem. O pior da morte é isto:
envelhecemos a cada dia e nada podemos fazer.
A morte nem sempre
acontece no final da vida. Cada dia a morte toma conta do que somos e esmaga-nos
como míseros seres frágeis. Todos os dias morremos sem que nos demos conta, mas
para remediar esta situação penosa uma solução torna-se imperativa. Cada dia é único.
Ame-o como quem ama com amor. Beije a vida com beijos doces e arrisque até onde
a coragem permite. E a morte passará, como uma mera ilusão onde o medo
desapareceu e o sonho surgiu. A morte nada mais é que uma ilusão. Onde outrora
era medo agora é visto como um caminho novo. E ainda temos tanto para andar…
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