Caminho lento, na rua
deserta que a noite ilumina com o seu luar calmo e sereno. O vento que embate
na minha cara traz as sôfregas reflexões que não largam a minha cabeça. Os meus
pensamentos voam como ligeiras penas apaixonadas, que sopradas são pelo coração
que tanta incerteza têm. A cidade assim se conjuga, num amorfo de sensações
escondidas que o coração sente e a mente respira.
Sento-me no cais
distante e alheio do mundo incongruente, que tanta dificuldade tenho em
perceber. O suave marear das ondas a embater nas rochas entoa nos meus ouvidos
e, os meus libertos pensamentos, começam numa corrida frenética, a mergulhar as
suas mágoas nas ondas escuras do mar que os meus olhos contemplam. O revoltoso
mar reza, numa súplica escondida entre as pedras, as orações que são esquecidas
ao vento.
Assim estou, perdido
entre pensamentos amedrontados e um olhar sonhador que tantas dúvidas carrega.
Ao longe vejo navios parados e ao perto ondas a desvanecerem-se em nada na
areia fina da praia. Apetece-me ir embora, mas antes devolvo um último olhar ao
ambiente que tanta dúvida causa e penso numa simplória observação: ”Se hoje
nada consegui, talvez seja amanhã que o consiga, quem o sabe?”
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