A ousadia traz sempre
os seus dissabores nada agradáveis. E talvez a vida do Homem seja uma luta
interrupta entre a prudência pouco pensada e a ousadia irresponsável. E, por
mais que lutemos, acabamos sempre por cair no erro crasso da existência humana. Ou
isso, ou a solidão terna que beija com frios e mortos beijos.
Nunca quis que isto
acontecesse, mas o facto é que aconteceu e de nada vale as tuas atitudes
deploráveis. Primeiramente, pouco efeito me causa e também tão pouco quero
saber da tua presença. Quem sabe, se não te esqueci que existias? Ou, nada de
ti quero, pois sei que nada de verdadeiro nasce?
Estou marcado de
palavras amaldiçoadas que temem em sair da minha boca. Por mais que tente, não
cheguam sequer para gravar nas folhas brancas as minhas ideias sujas. Vã vida
se resume ao infortúnio de mágoas passageiras e de lágrimas perdidas no acaso
da saudade. Afinal, de um modo ou de outro, estou amaldiçoado pelas palavras.
Meu corpo respira
palavras ardentes que nunca foram ditas; meu peito bate por ideias jamais
pensadas e minhas mãos tocam em musas inexistentes. As palavras são o mel da
minha boca e o fogo do meu coração. Palavras essas que nunca existiram, porque
nunca tive ousadia de as dizer. Ou porque são amaldiçoadas…
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