quinta-feira, 4 de setembro de 2014


Não sei como te amei. Surgiu, como um próprio acto de magia, uma leve acendalha no meu coração; uma leve brisa singular que tomou-me naquela sensação insuportável de um calor que consumia, como um furação, o meu peito seco e frágil. Desenhei os teus olhos cristalinos de tal maneira intensa que, na melancólica e pueril noite pura, era o teu olhar que via a iluminar o quarto escuro em vez da Lua corriqueira. Pintei com tal peculiar sensibilidade os teus lábios de seda finos que, a cada momento que os recordava, com mais ardor os desejava provar ou, quiçá, finalmente ver aquele sorriso tão sincero que reside no mais puro grau da beleza.  
Não sei como te amei. – Mas amei-te, ai se não te amei! – Tudo começou com frases parcas, olhares inocentes, sensações que, com o tempo, se foram revelando mais fortes que a cobardia. Era esta franqueza que eu amava! A tua mão. A tua mão macia e quente. A tua cabeça enrolada sobre o meu peito. As minhas mãos a desenhar castelos nos teus suaves cabelos. As promessas que ficavam gravadas no manuscrito dos nossos beijos. As palavras que foram caladas sobre o peso do silêncio dos nossos corpos. O desejo que fundiu-se num só. Duas existências que combinaram numa. Dois amores que ficaram num.
Não sei como te amei. – A verdade é que nunca amei ninguém -  E talvez seja errado ainda, neste momento tão longínquo do nosso encontro, amar-te. Todavia, no meu mais sincero desejo uma franqueza acompanha um pedido: nunca me deixes. É este o meu desejo. Preciso de ti. Preciso de agarrar a tua mão a cada noite que sinto a solidão a morar no meu peito. Preciso do teu sorriso tímido a cada nascer do dia. Preciso de ti para contar cada palavra que te ofereço. Preciso de ti para me amar. Preciso de ti para te amar. Preciso de ti para viver.
Não sei como te amei. Foi na mais profunda melancolia, na mais sincera convicção, na mais perfeita loucura do pecado. Amei-te. Amo-te. Amarei. Como uma promessa. Como um manuscrito. Como uma felicidade ingénua. Como um sonho escondido. Como um caprichoso pecado. És o meu pecado. Que dizes em pecarmos juntos? Aceitas esta promessa fugaz que é eterna?
 
 

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