Como
ondas que murmuram nos meus ouvidos; como uma inércia perdida na linha frágil
do tempo, assim eu recordo toda a beleza do teu sorriso e a alegria dos teus
olhos. O som murmurante das ondas perdidas no horizonte faz-me lembrar todas as
palavras que proferiste e que agora estão esquecidas na solidão passageira.
Talvez
esteja certo eu não te merecer. O destino assim exigiu que as nossas vidas
jamais tivessem unidas. Não, não tenho receio do futuro, nem desgosto no
presente. Aceitei, como inexorável caminho a nossa eterna separação, um dia
chegará em que te irei dizer que te amo e que és tudo para a minha vida; mas,
enquanto esse dia tarda, pressinto que a distância é o único remédio para sarar
as minhas amargas feridas e fendas que ocultas abriram-se no meu coração.
Jamais
ousei dizer-te que te amo. Compreendo e aceito que fui covarde. Porém, agora
entendo que nunca mais poderei ocultar esta paixão que dilacera as minhas
vísceras. Tens um caminho a seguir e eu outro. As nossas vidas que agora
ficaram separadas, serão talvez um único sentido possível para a nossa relação
– a separação.
Olho
novamente para o mar que me envolve em mantos suaves de seda e sinto as minhas
mãos cada vez mais leves e o meu corpo cada vez mais distante da realidade. Ao
adormecer, revejo a tua imagem a surgir na minha Memória e nos teus lábios a
formar-se uma palavra. – “Amo-te…” - Que é apenas uma ilusão...
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