Nunca chorei. Apenas
desperdicei lágrimas por vontades que se mostraram supérfluas de desejos que
morreram na cinza dos escombros que não existem. O problema de chorar é que não
sabemos porque razão lógica choramos. Choramos. Deitamos lágrimas e tudo o que
é mais insignificante da nossa vida. Choramos porque desejamos e queremos tudo
o que um dia construímos fundado numa ilusão irresponsável.
Odeio tudo o que me
tornei e tudo o que construi de um simulacro doentio. Detesto cada palavra que
pronuncio sobre a ruína do desespero. Já não luto. Perdi toda a consciência que
outrora tinha sobre a minha pessoa. Sorrio, numa hipocrisia forçada, para as
pessoas que passam por mim. Tudo é uma mentira de um terror idiota. Não. Não
gosto de companhia. A tristeza alegre e monótona de estar sozinho reduz-me a
uma insignificância tão profunda que tampouco quero-a deixar.
É isto. O mundo, todo
ele, é feito de dor. É o; porque não sabemos realmente nada. Desconhecemos tudo
e até a morte absurda é uma incógnita que abafa a nossa razão com sentimentos
monstruosos. Contudo, isto não me abala. Já passei por mortes que não me
disseram nada. Conheci vidas que repugno a sua existência. E após isto, acabei por retirar a máscara que
me cobria. Arranquei-a de vez e atirei-a para as ilusões já mortas da
esperança. Não chorei. Nunca o faço. Apenas desperdicei lágrimas em honra da
vida e da ânsia de viver. Nem que isto implique uma representação forçada. Talvez
a vida seja isto. Quem o sabe?
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