Cansaço eterno de nada
querer. É assim que me sinto: Numa abulia simpática que hoje não me larga. A
escuridão da noite envolve-me num manto áspero de saudades incomodativas. Ainda
relembro todos os gestos inocentes que perdidos no passado estão. Novamente,
continuadamente, olho pela janela e observo as pessoas incógnitas que caminham
tontas pela estrada. O luar está cansado e quieto, a iluminar o horizonte que
meu ser observa. Os carros, numa frenética corrida, para os seus destinos vão e
eu continuo a olhar com saudades. Mas que saudade é esta, que chega sem aviso e
bate em meu peito? Mas porque motivo eu tenho saudades? O que quer o meu
insatisfeito coração?
Sonhar talvez? Sempre
adorei sonhar; Afinal sempre fui um sonhador acordado. A minha vida é feita da
matéria que os sonhos não são feitos que fabricam os sonhos. Atrevo-me a dizer
que o sonho de ter alguma coisa fez o que sou hoje. Um insatisfeito sonhador. A
loucura sempre guiou-me e, não me arrependo do que hoje fiz porque a minha
loucura assim me pediu. Quiça, se a loucura não é a mão suave e invisível que
norteia os meus passos?
Palavras caladas gritam
na minha cabeça sentimentos que jamais ousei
pronunciar. Sentimentos. Palavras. Gritos. Ausência. Saudade. Solidão.
Cansaço. Tristeza. Tudo isto abraça o meu peito com uma força esmagadora que
apetece-me gritar sem voz. Nada disto queria ter. Porque será que os sonhadores
amam o impossível? Porque motivo nada é como quero? Porque é que os meus sonhos
não se tornam verdadeiros, se eu apenas um sonhador sou? – Nada disto
quero… – Onde está agora a loucura que
aos sonhos me leva? Porque motivos só a saudade mora em meu coração?
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