Vazio e mais vazio. Talvez
a solidão que sinta agora não é mais que um estúpido vazio que a minha alma
deseja. Assim é porque tenho um repúdio seco a tudo o que me chateia. A literatura
cansa-me, as pessoas enchem-me, as estrelas enervam-me e as palavras secam a
minha língua cansada. Estou farto de tudo, até do que não fui nem posso ser. A ilusão
mentirosa faz-me acreditar em mortas ideias que não passam de loucuras de um sonhador.
Um sonhador que caiu no vazio.
No vazio de tudo. Esse
vazio que me preenche a alma de gritos calados e de beijos perdidos do destino
das coisas esquecidas. Involucres medos de perder tudo faz-me, no silêncio
meditativo do pensamento, ansiar por ser simplesmente um sonhador vazio. Não quero
ser feliz. O próprio acto de ser feliz cansa-me numa procura estúpida dessa
mesma felicidade. Não, não quero ser feliz. Quero ser eu mesmo.
Amar as pessoas que
não merecem, desejar tudo o que não posso e querer possuir algo que não
detenho. Apenas somente quero ser eu mesmo. Nem nada mais ouso ansiar do que
não seja ser isso mesmo, ser apenas eu. Eu perdido, eu vazio, eu louco, eu romântico,
eu triste, eu desesperado, eu sonhador, eu! E se o meu eu não é para ser
descoberto contigo então que seja apenas no vazio do tempo perdido…
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