segunda-feira, 24 de novembro de 2014


Sempre me encontrei nos teus lábios. É difícil dizer-te, mas ouve-me. É inteiramente verdade: sempre me encontrei nos teus lábios. Morava recolhido nos nossos famintos e rebeldes beijos. Abrigado sobre o teu sorriso e protegido pela leveza das tuas sussurrantes promessas que o horizonte esquecera.
É verdade! Encontrava-me neles. Amava-os! E sei quanto é errado amar os teus lábios. Aqueles carmesins e púrpura fios esticados onde mora todo o meu desejo. O meu pecado. A minha gula. A minha tentação. Amo-os. E mesmo que não acredites numa palavra que da minha boca é proferida, basta ofereceres-me novamente os teus lábios como uma complementaridade da nossa promessa. Do nosso sonho. Do nosso frágil e eterno abrigo de carícias. E acredita, irias – em cada beijo – ser capaz de encontrar o sentido que queima a nossa língua da saudade que é a nossa ausência.
Teus beijos são como memórias em que recrio o meu passado, vivo o presente e aguardo o futuro sobre o conforto de ter-te ao meu lado a aguardar, com suave paciência, a minha coragem que mora escondida no meu peito. O horizonte nos espera. A secreta imagem de uma felicidade oculta nos aguarda. Sinto-me desfeito em recordações. (Com receio de avançar. Mas não tenho medo.) Estás comigo, sempre o soube! Convém notar que, quando me sinto perdido, é em ti que me encontro. Encontro-me nos teus lábios que duram eternamente. Sempre encontrei-me neles. Tu não?