quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Retrato

Não sei de onde provem
- tão fragilmente violento o sinto -
Este sentimento tão voraz
Que consome todas as minhas lágrimas salgadas
Que caiem sobre a escuridão da noite
Que ilumina o meu peito nu.

Quero encontrar em cada quadro.
Em cada letra dos meus livros.
Em cada palavra dos meus escritos.
Em cada sonho que construo com os teus lábios
Que se completam nos meus
A tua secreta imagem.

E encontro-te:
Perdida no medo que tu criaste.
Recolhida como uma pérola esquecida no fundo do mar.
- E abro o meu peito! -
Com ternura.
Com carinho.
(E deixo-te entrar.
E sussurro-te palavras.
Promessas.
Silêncios.
Agarro as tuas mãos para sempre.)

Entrego-me a ti
Neste sentimento tão oculto sobre o meu coração.
Como um poema escrito das lágrimas da saudade
Que na noite encontrou a sua protecção.

Toco em teu corpo
Com carícias que moram na minha saudade.
Beijo cada centímetro da tua pele presente
Para adormecer com o teu retrato eternamente.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Mãos

Recolho as tuas delicadas mãos
Com os meus beijos
Demorados
Calmos
Suaves
Sobre o horizonte que se fecha sobre a areia.
 
A melodia toca
Sobre o piano que esquecera da sua morada
Que é o teu coração
Entregue
- com toda a sua confiança cega –
À minha esperança sonhadora
Que encontro em cada toque das tuas mãos.
 
Por isso, recolho-as
Como promessas
Como amores-perfeitos.
E guardo-as
Para sempre
Em meus beijos.

 

sábado, 25 de outubro de 2014

Mistério

Translúcidas sensações do meu inconsciente,
Pueris sentimentos da minha alma.
Abrigo-me sobre a concha da tua mão
Encontrando assim abrigo para a minha solidão.
 
Curiosa sedução,
Que mora nos teus traços.
Assim meu corpo deseja
Os teus calorosos abraços.
 
(Não sei de onde surgiu
Este ciúme morto.
Ignóbil.
Abúlico.
Sento-me na borda
Das minhas palavras
 
Transformadas em veneno encarnado
Que adocicadas veneram a tua imagem.
Deserta.
Sozinha.
Numa prateleira esquecida.)
 
Desejo
- numa palavra de um louco –
Amar-te sem medida.
Beijar cada sorriso velado;
Cada traço das tuas ondulosas costas.
 
Amo
- e sei que não é suficiente amar-te –
O teu sorriso que esconde o mistério.
O mistério do teu corpo.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Sonho

Senta-te sobre este leito deserto,
Escutando as minhas palavras
Que moram no meu coração
Oferecidas a ti como frágeis nuvens da noite.
 
Dorme sobre o meu peito nu
Que estrelas encontrarás
Perdidas sobre a memória
Do teu carmesim sorriso.
 
Abraça-me na noite escura
Da tua fiel promessa.
Em que os beijos só conhecem
A doçura das línguas oferecidas.
 
Cria comigo sonhos no horizonte
Dos nossos corpos estendidos sobre a luz da noite
Escura.
Deserta.
Pura.
Imaculada.
Que oferece a este ninho
Ternuras internas perdidas no sabor dos lábios famintos.
 
(Ama-me.
Deseja-me.
- nem que seja por uma noite só –
Entrega-me a vida para poder viver.
Somente.
Unicamente.
Na felicidade da tua companhia.)
 
Teu corpo é horizonte longínquo
Do meu incógnito olhar.
Onde a certeza mora
De um amor a despertar.
 
 

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Beijo de boa-noite


Glorifiquei-te com as palavras!
Ofereci-te os meus versos sobre a noite pura
Do silêncio das estrelas do desejo.
 
Amei-te no infortúnio das nossas vidas
E na felicidade que surgia no teu olhar
Em cada noite,
Em cada instante,
Em cada abraço perdido na promessa do amor.
 
Oferecia-te sonhos,
Promessas.
Silêncios em que os beijos só conhecem o sabor do teu corpo.
Oferecia-te tudo que não podia oferecer!
(Para meu infortúnio e desgraça)
Cada um desenhava.
 
Uma promessa.
Um desejo.
Um sonho.
E terminaria.
(Nem que não bastasse!)
Somente.
Unicamente.
Num beijo perdido
No horizonte dos nossos lábios.