quarta-feira, 23 de abril de 2014

Sinais do teu corpo


Sobre os teus fundamentos,
Eu me criei.
Reguei todas as ideias
Com as águas maduras
Que floriam dos teus lábios.
Assim criei,
E assim amei.
 
Foram essas;
As palavras da tardia promessa
Que morria no horizonte dos nossos beijos
Que me transformaram
Naquele olhar que te contempla.
 
Não resisti!
(Aqui me confesso).
Pela sedução maliciosa dos teus olhos,
A minha boca sorriu num convite em que as palavras esquecem.
 
Horas passei com os dedos no cabelo da tua ilusão,
Perdido no sabor do teu corpo.
Descobrindo a cada toque
A linha das tuas costas.
 
Foram estes sinais
Em que as palavras não existiram.
Onde me criei
Sobre o corpo que sempre amei.
 
 

segunda-feira, 14 de abril de 2014


Os meus pensamentos são como uma mágoa que quero esquecer; e mesmo que não os esqueça sinto-os perdidos para sempre numa ilusão. Esses meus pensamentos são semelhantes a um rio calmo na superfície onde no fundo os mais revoltosos mistérios carrega. Dispersos. Frenéticos. Remexidos. Calcados pela angústia de uma palavra. Bailam como estrelas na escuridão da minha alma. Como os quero esquecer, mas eles são como uma mágoa doentia que não me largam.
Os meus pensamentos são como raízes que nasceram antes de eu nascer e que agora recusam-se a abandonar o meu corpo. Todo o esforço é inglório. Toda a tentativa é fracassada. Tudo o que sou é um erro e todos os pensamentos são doentios. Se um dia souber como se apaga a memória, quero, sem hesitações, apagar tudo o que me constituiu. Esquecer tudo o que me forma. Sei que irei, com esta acção, apagar tudo o que formei e todas as coisas que conheci. Mas odeio todos os traços do meu corpo e preciso de mudar. Na vida, nada é perfeito. Desde cedo o soube.
 
 

sábado, 12 de abril de 2014

Somente tu


Só um sorriso bastaria,
Para apagar toda a dor que sinto.
E abafar todos os pensamentos
Que tenho nas longas noites.
 
Só uma palavra bastaria,
Para me seduzir por ti.
Como um louco ciumento,
Que agarradinho a ti estaria.
 
Só um olhar chegaria,
Para eu enamorar-me pelos teus cabelos.
E passar longas noites,
A desenhá-los com carícias.
 
Só um abraço chegava,
Para uma noite ficar completa.
Onde os sonhos repousariam,
No aconchego da mão de cada um.
 
Só tu chegarias,
Para esquecer que a noite existe.
E mesmo que não estivesses,
Só o teu corpo bastaria
Para me encher de uma sedução que no sonho me perderia.
 
 

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Sedução Perigosa


Fala com um murmurar suave,
Com meros suspiros apenas.
Letras caladas,
Entre a insanidade dos meus pensamentos.
 
Tudo sonho,
Como uma névoa doentia de loucura.
Beija-me.
Oh, beija-me com tudo o que tens!
Possuo esse beijo.
Seduz-me com toda a tua beleza.
Essa mesma! Aquela que eu amo.
 
Oh doce perdição do meu desejo,
Que me enclausura numa estúpida dor.
A minha insanidade sempre desejou,
A morte bela da minha arte.
 
Tudo perdi,
Tudo esqueci,
E nada quero.
Apenas palavras caladas de uma morte prematura.
 
Assim contente ficaria,
A contemplar a beleza da escuridão do apagar dos olhos.
Onde um sonho me seduzia,
Para o torpor da minha inconsciência.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Quando caminho

Quando caminho;
Nada levo.   
Ofereço todo o meu silêncio
Ao canto das aves
E ao sussurrar dos rios.

Quando caminho;
Olho e pinto com o meu olhar,
As flores crisálidas pequenas
Que baloiçam ao vento
Na redescoberta da pura beleza.

Quando caminho;
Sento-me no rocha descansada
Em divagações que o vento leva,
Na ironia do sol esquecido.

Quando caminho;
Na natureza do silêncio respira
A leveza da proximidade de uma reconfortante ideia.
A ideia de uma redescoberta de um amor próximo.

Quando caminho;
Na beleza que  a Natureza oferece,
Um sol brilha no alto
Como o teu olhar que me aquece.