sábado, 21 de dezembro de 2013


Mata-me. Já disse: mata-me. Estou farto deste opróbrio sem sentido. A minha vida não tem sentido. Porque motivo irei viver se só morrer quero? Se o sentido da minha vida se resume a ti e se a ti não posso ter, então porque não morrer? Não aguento mais esta solidão dolorosa que se abate no meu coração. Não aguento! Ouve, oh Destino, Mata-me!
Sempre fui uma pessoa fraca, tu bem o sabes. Como tal, estou perto de desistir. Talvez o faça hoje, ou amanhã ou nunca. Já notei que não precisas de mim na tua vida. Que diferença faço? Não falamos faz muito tempo, por isso, se desaparecer, não vais notar a minha ausência. Vou desaparecer como cinza e mero pó da Terra que toda a gente pisa. Afinal, sempre fui pisado por todos!
Talvez sejam as minhas ultimas palavras para ti. O meu desprezo obscura a minha Alma de morte. Apesar de tudo recorda-te que sempre te amei, mas as minhas fraquezas fazem que não te possa amar nem te ter. Sempre soube e tu sempre soubeste: Estou condenado à morte! Se isto for um adeus, que um adeus que seja…
 
 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013


Ah, a chuva. A chuva bate na janela do meu quarto em sonolentas gotículas perturbadoras. Ouço o vento lá fora com seus gemidos secos a rezarem os seus Fados. E olho pela janela, a imagem tímida da noite escura da cidade. Ao contemplar tal perfeição, os meus pensamentos voam ardentes como pássaros ao encontro das dúvidas que tanta teimosia possuem. Coisas passadas voltam à minha cabeça. Palavras nunca ditas ecoam nos meus ouvidos. Imagens apagadas esfumam-se em meus olhos. E ouço, ouço a chuva suave a cair sem impedimento.
Amo a chuva. Essa maravilha formada pelas gotas que escorregam, suaves e cristalinas, na janela pequena que suporta a minha cansada face, cria-me saudades da gosto agridoce dos teus lábios molhados. Revejo em cada barulho rítmico da água caída o teu rosto.
Sempre amei a chuva. Revejo nela toda a tua imagem em meus pensamentos dispersos. Desejo loucamente e novamente sentir os calafrios da chuva a escorrer pelo meu rosto cansado; quero molhar-me na água fria que na ignota razão transborda meus lábios num sorriso escondido e fugaz. Quero tudo isto e um pouco mais. Afinal, quero-te a ti.

   



O cansaço da Alma é como um vórtice de más escolhas do Destino. Estou cansado do Destino beijar-me apenas com frias dúvidas irrealizáveis. De entre outras coisas, talvez eu não passe de um sonhador acordado e cansado de tudo o que nada é. Vivo numa ilusão estúpida que me atormenta e alimenta a minha vida. Assim o é, porque nada poderei ter o que realmente desejo. Pois o que desejo o Destino não o quer.
Sou isto: um dado lacrado pelo Fado déspota que brinca com sonhos de uma criança perdida. A morta esperança de ter algo, caminha nas obscuras estradas da solidão da noite e faz-me compreender que não passo de uma criança perdida entre os mistérios do mundo incompreensível. E fico cansado…
Cansado de tudo, até o desejo de cansaço cria-me náuseas cansativas na minha cabeça. Estou cansado e farto de tudo. Este cansaço desconfortante na minha alma faz-me ficar numa abulia sentida de uma ingratidão para a vida. Porque tudo não volta a trás? Nasci pra ser criança, mas o Destino recusou-se a tal facto. Sou uma criança perdida no acaso das coisas. Tudo é isto e nada é. Apenas um cansaço estúpido que permanece de pé…
 
 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013


Estou farto de toda a espécie de literatura desespero e anti-originária. Cria-me náuseas observar a pestilência das palavras ditas por ignorantes que ousam escrever. Arruína-me pensar que agora toda a gente escreve porque toda a gente tem sentimentos. O quão nobre e delicada tarefa de escrever, passou nos dias de hoje, como utensílio pra muitos hipócritas sentimentalistas, que pensam que escrever é apenas o sentimento dizer.
A arte arruinou-se a si mesma, num pecado envenenado silencioso, ao deixar que todos os melodramáticos romancistas escrevessem os seus escombros perdidos e degenerados de maldade. Pessoas sem escrúpulos estas, que oprimem toda a novidade literária pela sua arrogância mais suprema e mais vergonhosa; a da literatura.
Nem todos sabem escrever, mas todos escrevem. Algo tão natural como jogar à bola. Nem todos nascem para serem jogadores como nem todos nascem para escreverem. Contudo, a literatura atingiu tal infâmia vergonhosa que qualquer bicho careta publica a sua obra, o seu trabalho, a sua vergonha mais elevada para o mundo literário. Estou descontente com o que leio; maus escritores existem e péssimos nem vale o comentário. Afinal, toda a gente escreve…
 
 

Vazio e mais vazio. Talvez a solidão que sinta agora não é mais que um estúpido vazio que a minha alma deseja. Assim é porque tenho um repúdio seco a tudo o que me chateia. A literatura cansa-me, as pessoas enchem-me, as estrelas enervam-me e as palavras secam a minha língua cansada. Estou farto de tudo, até do que não fui nem posso ser. A ilusão mentirosa faz-me acreditar em mortas ideias que não passam de loucuras de um sonhador. Um sonhador que caiu no vazio.
No vazio de tudo. Esse vazio que me preenche a alma de gritos calados e de beijos perdidos do destino das coisas esquecidas. Involucres medos de perder tudo faz-me, no silêncio meditativo do pensamento, ansiar por ser simplesmente um sonhador vazio. Não quero ser feliz. O próprio acto de ser feliz cansa-me numa procura estúpida dessa mesma felicidade. Não, não quero ser feliz. Quero ser eu mesmo.
Amar as pessoas que não merecem, desejar tudo o que não posso e querer possuir algo que não detenho. Apenas somente quero ser eu mesmo. Nem nada mais ouso ansiar do que não seja ser isso mesmo, ser apenas eu. Eu perdido, eu vazio, eu louco, eu romântico, eu triste, eu desesperado, eu sonhador, eu! E se o meu eu não é para ser descoberto contigo então que seja apenas no vazio do tempo perdido…
 
 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013


A vida não vale as balas desperdiçadas, nem o sangue sujo das ideias negras e ocultas do teu coração. Não o vale porque um dia vais arrepender-te de tudo o que não fizeste, de tudo o que não disseste e de tudo o que não pensaste. Assim o é, porque a vida é um suicídio silencioso que cobre as feridas mal curadas e as aberturas da alma mal fechadas.
Ignota cidade onde caminho, de um cheiro a maresia e sons claros de pássaros desconhecidos; as pedras escorregadias da cidade choram silenciosas preces que eu nunca ouvira. Meus ouvidos inebriados de estranhos e desvairados sentimentos, curiosos agora ficaram e, meu corpo senta-se num banco a escutar e a contemplar tais pedras misteriosas. Apenas preces mudas meus ouvidos ouvem….
Minha cabeça pesa de problemas e dúvidas que as pedras escutam e minha mente fala. Numa sinfonia desajeitada de problemas, como uma agulha minúscula incorpórea, o suicídio da vida novamente atormenta o meu espírito. Imagens ilusórias como névoa formam-se em meus olhos e choro pela incongruente vida não vivida. Mas tudo passa. E apenas a tua imagem finda com um tiro na cabeça. Grito! Mas não te poderei ter, porque o que sentes por mim, apenas são borboletas mortas de sentimentos que eu não compreendo… Porque não me amas, nem te preocupas. Afinal, tudo são borboletas purpura mortas e passageiras…
 
 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Acabou em Silêncio

Não te quero!
Mas amo-te.
Afinal, desejo
Apenas um beijo.
Mas nada poderei,
Pois em tudo falhei…

Não te posso ter,
Porque não me amas.
E estas mortas esperanças,
É o Fado do meu Ser!

Acabou!
Acabou todas as palavras,
Amores mudos
E lágrimas secas.

Acabou!
Nada nasce em terra seca!
Mas espera;
O que ficou?

Uma estúpida solidão,
E uma lágrima sentida.
Assim é a vida,
De quem ama a ilusão.

Não te vou falar,
Por muito tempo.
Pois compreendi,
Que o desprezo merece um aumento.

Talvez seja o melhor,
Não mais pra ti falar.
Quem sabe?
Talvez acabe o meu amar…

Tu sabes
Que apenas a ti amo.
Mas esta simples confusão,
É apenas delírios de um frívolo coração.

Acabou!
Acabou tudo em silêncio,
E numa estrada não caminhada.
Porque a minha paixão
Não pode ser alimentada,

 
 


 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ode Amorosa

Deixa-me dizer o que sinto,
Numa velha canção.
Assim entregar-te-ei,
Todo o carinho e paixão.

As palavras irão faltar,
Quando te cantar.
Porque palavras não existem,
Para o meu amar.

Ofereço-te meus lábios,
E uma pitada de confusão.
Pois o teu sorriso,
A morar está no meu coração.

Passado confuso,
Complicado presente.
Só espero que no futuro,
Me ames eternamente.

Os teus doces olhos,
Quero apenas contemplar.
E dizer quanto te amo,
E assim no silêncio ficar.
 
 

sábado, 7 de dezembro de 2013


Demasiados problemas sobem, como penas sopradas pelo vento, à minha cabeça. Apesar de eu nada querer, estes insistem em perdurar nos meus pensamentos. Eu e eles, numa luta silenciosa, a esmurrar interrogações incompreensíveis que quero esquecer. Problemas, e problemas, e problemas…
Problemas que nunca ousei descobrir, aparecem agora com lágrimas passadas numa vida que eu fora feliz. Na cama estou, e com olhar sonhador observo as pequenas luzes penduradas no céu tecido de escuridão. Um silêncio incomodativo banha-me agora de obscuros desesperos mudos. E lágrimas…
Quero esquecer tudo! Queimar tudo o que existia! Mas esse tudo volta como cinza e faz-me recordar de todos os momentos que eu quero esquecer. Palavras… Medos… Incertezas… Tristezas… Angústias… Desesperos… Ódios… Porque tudo volta se quero tudo esquecer?
Problemas… Afinal, toda a minha vida é feita disso: problemas. Não mereço nada nem quero nada, porque sei que vou novamente falhar em tudo. Acima de tudo, sou um autêntico falhado com deveras problemas. Mas porque será que só a mim os problemas me amam? Mas serei eu o problema, ou és tu o problema, e negas que o és?
 
 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013


Tenho ciúmes. E seria estranho se não os tivesse. Afinal eu amo-te. Já o disse várias vezes e bem o sei, é um erro amar alguém como te amo; mas nestes assuntos a razão não entra, é o coração frívolo e intolerante que deseja mais do que o é realizável, que comanda as minhas acções. Todos os momentos, vejo todos os teus traços deixados na saudade do passado e as palavras caladas que tanta ansiedade me causa. Mas nada é como sonho. Tudo desapareceu numa névoa cinzenta frágil que na noite perdida está. Na janela, com olhar perdido, recordo as promessas que na arca da solidão foram deixadas. Acima de tudo…
Tenho ciúmes. Tenho-os porque quero-te apenas só para mim. Desejo acordar todos os dias e ver a tua cara ao meu lado a sorrir, e eu a oferecer-te meus lábios com sinal do meu amor. Desejo todos os dias desenhar com os teus olhos poemas que nunca ousei escrever. Desejo todos os dias tocar carícias nos teus cabelos que tantas saudades causa. Desejo-te todos os dias ao meu lado porque te amo e porque…
Tenho ciúmes. Somente porque não te posso ter. Talvez ainda não tenhas percebido. Mas eu amo-te em demasiada e tenho cíumes porque a tua beleza estala meu coração como insignificantes bocados de vidros esquecidos. Quero-te agora… Preciso de ti porque amo-te. Lembras-te do que prometes-te? Nunca me deixes só. Afinal,
Só tenho ciúmes porque te amo…
 
 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013


Cansaço eterno de nada querer. É assim que me sinto: Numa abulia simpática que hoje não me larga. A escuridão da noite envolve-me num manto áspero de saudades incomodativas. Ainda relembro todos os gestos inocentes que perdidos no passado estão. Novamente, continuadamente, olho pela janela e observo as pessoas incógnitas que caminham tontas pela estrada. O luar está cansado e quieto, a iluminar o horizonte que meu ser observa. Os carros, numa frenética corrida, para os seus destinos vão e eu continuo a olhar com saudades. Mas que saudade é esta, que chega sem aviso e bate em meu peito? Mas porque motivo eu tenho saudades? O que quer o meu insatisfeito coração?
Sonhar talvez? Sempre adorei sonhar; Afinal sempre fui um sonhador acordado. A minha vida é feita da matéria que os sonhos não são feitos que fabricam os sonhos. Atrevo-me a dizer que o sonho de ter alguma coisa fez o que sou hoje. Um insatisfeito sonhador. A loucura sempre guiou-me e, não me arrependo do que hoje fiz porque a minha loucura assim me pediu. Quiça, se a loucura não é a mão suave e invisível que norteia os meus passos?
Palavras caladas gritam na minha cabeça sentimentos que jamais ousei  pronunciar. Sentimentos. Palavras. Gritos. Ausência. Saudade. Solidão. Cansaço. Tristeza. Tudo isto abraça o meu peito com uma força esmagadora que apetece-me gritar sem voz. Nada disto queria ter. Porque será que os sonhadores amam o impossível? Porque motivo nada é como quero? Porque é que os meus sonhos não se tornam verdadeiros, se eu apenas um sonhador sou? – Nada disto quero…  – Onde está agora a loucura que aos sonhos me leva? Porque motivos só a saudade mora em meu coração?
 
 


Está frio. Tanto frio que o ar gélido entranha-se nas minhas narinas e causa-me um desconforto estranho no meu respirar. Casas, luzes e pessoas. E mais casas, luzes e pessoas. É assim que a cidade respira esta noite tenebrosa e escura. Entre casas, luzes e pessoas, uma névoa cinzenta paira neste ar triste e melancólico.
As conversas fugazes fogem das pequenas bocas das pessoas que passam por mim e nem um olhar me dirigem. Desconhecido entre os desconhecidos. Moribundo entre os moribundos. Fantasma entre os fantasmas. Nada de mim pertençe a esta ordem da desordem que desconheço. A vida assim fez que eu caminhasse noutras estradas…
Caminho agora, mas sei que um dia o deixarei de o fazer. Todas as pedras da calçada conhecem o meu caminho, todas as casas conhecem o meu rosto e todas as pessoas que outrora via conhecem o meu nome. Mas tudo desapareceu. Mas onde está tudo agora? Para onde foram todos? Bem o sei de sobra, um dia também deixarei de caminhar nos trilhos que o destino me ofereceu e o fado amaldiçoou.
Estou cansado de caminhar. Sinto as pernas a ceder a cada passo na negra estrada que as nuvens apocalíticas iluminam. As estrelas que tanta curiosidade no meu espírito causa, ocultas pelas nuvens estão. Já nada de concreto vejo. O cansaço impede-me de querer andar. Nada. Nada. Nada. Realmente não quero nada nem continuar. Então porque continuo? Porque minto-me a mim próprio?
Nem tudo o que vejo é verdadeiro. As pessoas que outrora via desapareceram como pó que os meus pés agora pisam, as casas foram destruídas como cinza e os caminhos apagados pelo sopro da cobardia. Afinal, talvez nada passe de um sonho estúpido que nada mais é que um sonho. Está frio… Caminho na icógnita estrada e não sei por onde vou. Apenas sinto o frio gélido a embater na minha face. Mas porque razão queria saber por onde vou, se sei que estou a caminhar?