segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015


Em minha casa ainda permanece o teu respirar. Os móveis, por muito pó que ganhem, por muito esquecidos que estejam, mesmo que permaneçam para a eternidade na inércia, é o toque das tuas suaves mãos que estão lacradas neles. O sofá, aquele sofá que repousavas a tua cabeça, está vazio, no entanto, é o teu perfume – de camomila – que está lá a marcar a tua presença. A cama deserta, fria, continua com os lençóis do cheiro do teu dormir, do teu sonhar. A janela, aquela pequena passagem para a noite, continua à tua espera com a mesma ansiedade que a caracteriza. Talvez estejas longe, mas por muito longínqua que estejas, a tua presença é incapaz de desaparecer da minha casa. Cada espaço é teu. Cada abrigo que criavas com o teu peito permanece ainda na esperança que voltes. – Um dia talvez -, penso eu. – Um dia talvez voltes, carregada, pesada, e, em teus ombros carregues o mistério da vida, aquele mistério que mora nas estrelas do céu que são iguais a teus olhos. E durmas, abraçada, recolhida em meu peito, e me sussurres promessas aos meus ouvidos: guarda-me. Protege-me. Lá fora o mundo é cruel. Feio. E perverso. Só o amor mora em ti. Em teu peito. Guarda-me. Recolhe-me. Abraça-me. Sabes, neste abraço, meu amor, ninguém nos pode separar, nem mesmo a morte. Porque, afinal de contas, a minha vontade, a tua vontade, a nossa vontade, é mais forte que todas as vontades juntas. Neste abraço que agora estamos, somos e seremos – para sempre – um só.
 
 

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