O grande problema de
esquecer alguém que se ama é que esse alguém aparece sempre nas coisas mais
significativas da nossa vida. Surge nas palavras ditas no passado, nas imagens
gravadas pela nossa memória e nas ausências prolongadas. A saudade dói, porque
no fundo sabemos e temos medo de admitir que amamos esse alguém que
infelizmente queremos esquecer. O amor é assim mesmo. Somos cobardes porque
temos medo de falhar, de correr o risco do fracasso e da traição. No fundo,
amar é um risco que tentamos, a todo custo ocultar pelas suas consequências. No
entanto, vamos sempre amar, quer gostemos ou não, porque assim é o Homem. Ama o
impossível e deseja o inatingível.
Este amor é
impossível apagá-lo. Bem o sabemos. Está demasiado entranhado nas nossas veias
e respira a harmonia das nossas promessas. Caminha na noite com os nossos
pensamentos e emana a esperança dos nossos corpos por ansiarem novamente a
presença um do outro. É impossível extinguir-se. A chama provocada pelo desejo
sente uma insatisfação terrível pelas nossas carícias. Por isso, é impossível
esquecer e apagar este amor. Todo ele é feito de sedução, saudade e promessa. E
se a promessa fores tu, é por ti que aguardarei.
«Prometes?», perguntou
ela retirando-me das minhas reflexões. Fiquei
em silêncio a observa-la. Nada disse. Adorava ver o seu cabelo a baloiçar ao
sabor do vento, ver o seu sorriso vermelho em seus lábios e sentir a volúpia
que os seus olhos claros me causavam. Sabia que não a podia ter. Por isso, nada
disse. Novamente repetiu ao meu ouvido as palavras que estão guardadas no
passado da minha memória. - «Prometes amar-me sempre, mesmo que te deixe?» - Nada
respondi, mas no fundo disse-lhe com o meu silêncio - «Prometo».
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