A vida para mim foi sempre um mero dado desconhecido
que nunca cheguei a conhecer verdadeiramente. Sempre tive receio e medo de
arriscar fosse o que fosse na minha vida; por isso, vivo numa gruta isolada do
mundo. Uma gruta cheia de sombras e fantasmas que não perdoam a minha falta de
ambição, e cercam-me em correntes de sofrimento e de dor
Certas vezes, fico hirto no meu sofá sentado, a
pensar com eternas interrogações em nada. Nada que é pura e simplesmente nada.
O vazio oco e opaco que sinto é tão grande que, às vezes, tenho dificuldade em
respirar devido à solidão sofrida que transborda em desespero no meu peito. O
meu corpo, devido a este aborto da realidade, sente-se tão frágil e cansado que
não consegue manter as pálpebras abertas…
Mas não quero adormecer! O tédio com leves toques
ligeiros de abulia faz-me permanecer sentado a pensar… A pensar em nada que
posso fazer para a minha vida que é nada, em nada mudar para nada. Porque nada
sou. Apenas sou nada…