sexta-feira, 5 de setembro de 2014


A verdade não dói. Dói conseguir aceitar as suas consequências. Aceitar as suas culpas. Entender que estávamos no caminho errado, parar de caminhar e escolher o desafio que compromete mais riscos: obedecer a uma loucura de um caminho ignoto. Andar por calçadas desconhecidas, trocar os sorrisos com pessoas que jamais vimos, observar árvores que até então era impossível aos nossos olhos e celebrar o torpor do medo do desconhecido.
Na vida – como eu a entendo – era mais fácil viver sobre as réstias de uma ilusão esquecida. Sobreviver – nem que seja um bocado de nada – assente sobre um sonho que a nossa imaginação cria. A verdade mata, mutila, fere tudo o que um dia criamos na vã esperança que podemos ser felizes. No entanto, como essa felicidade é ilusória, um dia – sem que contemos com isso – vai ser corroída pela verdade. E a verdade não perdoa. Anda em bicos de pé, como um hábil assassino que espera pela vingança. Escondida. Expectante. Prudente. Sem escrúpulos. E engana-se todo aquele que diz que está preparado para aceitá-la.
Se pudesse – nem que fosse por breves momentos – nunca faria o que irei fazer. Continuava a viver nesta ilusão tão fácil. Neste caminho tão conhecido e conformista. Nesta felicidade corriqueira e criada pela imaginação. Tudo seria tão fácil. Tão suave. Tão humano. O que seria – parei eu para pensar – se continuasse assim eternamente?
Sacudindo do meu espírito aquilo que terá sido um sonho, tomei uma decisão. Uma decisão bem mais realista. Bem mais humana. Mas, por sinal, bem mais difícil. A verdade perscrutou o meu espírito. E é a verdade que viverei. Não estou habituado a viver sobre este espaço – parece que me falta o ar e que estou oprimido – mas, afinal, quem está habituado a viver a Verdade e a aceitar as suas consequências para ser feliz?
 
 
 
 

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