terça-feira, 17 de dezembro de 2013


Ah, a chuva. A chuva bate na janela do meu quarto em sonolentas gotículas perturbadoras. Ouço o vento lá fora com seus gemidos secos a rezarem os seus Fados. E olho pela janela, a imagem tímida da noite escura da cidade. Ao contemplar tal perfeição, os meus pensamentos voam ardentes como pássaros ao encontro das dúvidas que tanta teimosia possuem. Coisas passadas voltam à minha cabeça. Palavras nunca ditas ecoam nos meus ouvidos. Imagens apagadas esfumam-se em meus olhos. E ouço, ouço a chuva suave a cair sem impedimento.
Amo a chuva. Essa maravilha formada pelas gotas que escorregam, suaves e cristalinas, na janela pequena que suporta a minha cansada face, cria-me saudades da gosto agridoce dos teus lábios molhados. Revejo em cada barulho rítmico da água caída o teu rosto.
Sempre amei a chuva. Revejo nela toda a tua imagem em meus pensamentos dispersos. Desejo loucamente e novamente sentir os calafrios da chuva a escorrer pelo meu rosto cansado; quero molhar-me na água fria que na ignota razão transborda meus lábios num sorriso escondido e fugaz. Quero tudo isto e um pouco mais. Afinal, quero-te a ti.

   


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