terça-feira, 18 de março de 2014


Nunca chorei. Apenas desperdicei lágrimas por vontades que se mostraram supérfluas de desejos que morreram na cinza dos escombros que não existem. O problema de chorar é que não sabemos porque razão lógica choramos. Choramos. Deitamos lágrimas e tudo o que é mais insignificante da nossa vida. Choramos porque desejamos e queremos tudo o que um dia construímos fundado numa ilusão irresponsável.
Odeio tudo o que me tornei e tudo o que construi de um simulacro doentio. Detesto cada palavra que pronuncio sobre a ruína do desespero. Já não luto. Perdi toda a consciência que outrora tinha sobre a minha pessoa. Sorrio, numa hipocrisia forçada, para as pessoas que passam por mim. Tudo é uma mentira de um terror idiota. Não. Não gosto de companhia. A tristeza alegre e monótona de estar sozinho reduz-me a uma insignificância tão profunda que tampouco quero-a deixar.
É isto. O mundo, todo ele, é feito de dor. É o; porque não sabemos realmente nada. Desconhecemos tudo e até a morte absurda é uma incógnita que abafa a nossa razão com sentimentos monstruosos. Contudo, isto não me abala. Já passei por mortes que não me disseram nada. Conheci vidas que repugno a sua existência.  E após isto, acabei por retirar a máscara que me cobria. Arranquei-a de vez e atirei-a para as ilusões já mortas da esperança. Não chorei. Nunca o faço. Apenas desperdicei lágrimas em honra da vida e da ânsia de viver. Nem que isto implique uma representação forçada. Talvez a vida seja isto. Quem o sabe?
 
 

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