segunda-feira, 17 de março de 2014


Um silêncio de morte…

Um luar reza no alto do céu acompanhado com preces bordadas numa escuridão total e uma ausência prolongada das nuvens. Uma calma insuportável e mesquinha abate-se no meu peito e, como novelos imaginários, os meus pensamentos florescem na minha mente enquanto contemplo esta noite solitária e fugida.

Um silêncio. Um pensamento.

Sentado, com o olhar disperso e calmo, observo a solidão que a cidade respira quando tudo dorme. Tudo está sereno. Vejo as mesmas cenas repetidas inúmeras vezes nos escombros da minha memória: as mesmas casas, as mesmas ruas, as mesmas estradas, os mesmos carros. Tudo permanece igual. Tudo se resume aos mesmos hábitos. Até a noite tem uma vida.

O mesmo ruído que persiste em ficar no ouvido;

Não compreendo a beleza profunda que brota do silêncio da noite. Não a compreendo e é por isso que a amo. A escuridão. O esplêndido céu negro que enche de loucura os meus sentidos. Ao longe, ouço um ruído que me esqueço de escutar. Apenas contemplo a noite, esta presença quase etérea que reduz a minha vida a uma insignificância de aparência. Fecho os olhos. Não sei se tudo foi levado, não sei se tudo foi perdido, não sei se tudo pegou e acabou num sonho. Não sei. Em lugar de todos os sonhos que tenho, apenas queria uma noite para sonhar.

Uma noite qualquer que apenas sonhar quer…  

Sem comentários:

Enviar um comentário